Os revendedores de veículos esperam um crescimento de 5% das vendas de veículos leves e pesados em 2025. O número divulgado nesta quarta (8) pela Fenabrave (federação que reúne os distribuidores de automóveis) revela mais cautela do que otimismo, e os motivos para isso passam pelo câmbio e pela oferta de crédito.
“O crédito, no geral, subiu 9,4% [em 2024 na comparação com 2023], mas, no setor automotivo, a alta ficou em 31,7%. É provável que, neste ano, irá desacelerar”, diz a economista e consultora Tereza Fernandez, que elaborou as projeções.
Essa desaceleração será influenciada pela alta da Selic (taxa básica de juros do país), que, na projeção da Fenabrave, deve chegar a 14,25% neste ano para, em seguida, iniciar um movimento de queda.
No boletim Focus, divulgado nesta segunda-feira (6), os analistas elevaram a previsão da Selic para 15% no fim de 2025. Na semana passada, o cálculo estava em 14,75%. Para os dois próximos anos, a perspectiva foi mantida em 12% (2026) e 10% (2027).
Apesar de os dados não favorecerem a venda de veículos, a federação que reúne os distribuidores acredita que será possível revisar para cima os seus números, da mesma forma como ocorreu ao longo de 2024.
“Itens como câmbio, renda, crédito e outros fatores conjunturais, de contexto econômico e político, influenciam nos negócios do setor, o que dificulta, neste momento, fazer prognósticos precisos para os próximos 12 meses”, diz Arcelio Junior, presidente da Fenabrave para o triênio 2025-2027.
Os cálculos da Fenabrave preveem que 2,608 milhões de carros de passeio e veículos comerciais leves serão emplacados em 2025, além de 127,6 mil caminhões e 29,3 mil ônibus. Espera-se que tais modelos tenham aumentos acima da inflação. Aí está a influência do câmbio.
“Acredito que a inflação, antes de cair, vai subir mais um pouco, e o dólar, do mesmo jeito que vai influenciar no preço do pãozinho, vai influenciar também no preço dos automóveis”, afirma Tereza.
As projeções de agora se baseiam em um dólar cotado a algo entre R$ 6 e R$ 6,10. Em 4 de janeiro de 2024, dia em que a Fenabrave divulgou as previsões para o ano passado, a unidade monetária dos EUA valia R$ 4,92.
Naquela época, a federação dos distribuidores previu que as vendas de veículos leves e pesados cresceriam 12% em relação a 2023. Foi a aposta mais acertada: a alta ficou em 14,15%. A Anfavea (associação das montadoras) havia sido menos otimista e projetado uma alta de 7% no ano passado.
Agora, a entidade que representa as fabricantes de automóveis projeta uma elevação de 5,6% nos emplacamentos em 2025, chegando a um total de 2,802 milhões de unidades comercializadas. O número inclui carros de passeio, comerciais leves, ônibus e caminhões.
Fonte: Folha de S. Paulo