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como o consumo por ‘status’ compromete a aposentadoria – Educação Financeira – Estadão E-Investidor – As principais notícias do mercado financeiro


É o caso de Neal Shah, ex-CEO de uma empresa de investimentos com sede em Nova York, nos Estados Unidos. Ele conta que, ao longo de sua trajetória no mercado financeiro, precisou adotar alguns itens de luxo para ser respeitado no cargo que havia conquistado. “Logo no início do banco de investimento, aprendi que o tipo de terno que você usa e o tipo de gravata importam”, afirma Shah em entrevista ao Fortune. “Toda a comunidade usa sapatos Ferragamo (marca de luxo), mesmo que me desse azia gastar esse tipo de dinheiro”, acrescenta.

Para se ter ideia do nível da exigência, os preços dos sapatos da marca de luxo Ferragamo variam de US$ 700 a US$ 1,5 mil, equivalentes a R$ 3,9 mil a R$ 8,5 mil na cotação desta segunda-feira (5). “Eu realmente não me importo com coisas sofisticadas, mas, estando nessas carreiras, às vezes você é forçado a fazer determinadas coisas”, disse Shah.

E com a ascensão das redes sociais, as carreiras que já exigiam um estilo de vida de alto padrão ganharam novos aliados para reforçar seus estereótipos: os influenciadores digitais. Hoje, com o aumento do tempo de conexão nestas plataformas, as pessoas são bombardeadas a todo momento por vídeos e publicações de produtores de conteúdo que ditam necessidades de consumo ou padrões de vida que, até alguns anos atrás, eram inexistentes.

“As redes sociais criaram um universo onde o “ter” é mais visível do que o “ser”. E isso afeta até quem tem bom nível de educação financeira”, avalia Nayra Sombra, planejadora financeira CFP pela Planejar. Com a pressão social vinda de todos os lados, os planos de aposentadoria correm o risco de serem adiados para arcar com os custos das novas necessidades de consumo que, aparentemente, são imprescindíveis. “Isso vai corroendo o orçamento e inviabilizando aportes mensais, justamente os que sustentarão esse padrão no futuro”, acrescenta Sombra.

Como blindar os planos de aposentadoria das “armadilhas do estilo de vida”?

A aquisição de bens para ser aceito em determinados grupos ou ter um determinado “status financeiro” não significa de forma isolada uma atitude prejudicial, na visão dos especialistas financeiros. As pessoas podem ter o direito de se dar determinados “luxos” ou enxergar algumas compras como um investimento.

Contudo, esse comportamento se torna um problema a partir do momento em que o consumidor ultrapassa a capacidade de compra do seu orçamento ou o impede de poupar para o futuro. “Para manter o padrão de vida no futuro, é fundamental gastar menos do que se ganha e direcionar esse excedente para investimentos consistentes e planejados”, orienta Sombra.

Para isso, os especialistas recomendam, como primeiro passo, adotar o hábito de destinar um valor mensal para investimentos. A sugestão, segundo educadores financeiros, é que essa organização mensal seja feita da seguinte forma:

  • 50% da renda devem ser direcionados para os gastos obrigatórios (água, luz e moradia);
  • 30% para as despesas variáveis (lazer e bem-estar);
  • 20% para os investimentos.

Vale destacar que essa é apenas uma recomendação genérica. Caso a sua realidade financeira não permita aportes na faixa de 20% da sua renda, qualquer quantia é válida. Outro ponto fundamental é avaliar se os investimentos mensais serão suficientes para garantir o padrão de vida desejado nos próximos 20 a 30 anos.

“Se hoje você gasta R$ 10 mil por mês e pretende manter esse nível de conforto aos 65 anos, precisa considerar que viverá mais 20 ou 30 anos após se aposentar, o que significa uma necessidade de capital de R$ 3 milhões, sem considerar a inflação”, diz a planejadora financeira da Planejar.

Por esse motivo, quanto mais cedo iniciar esse planejamento, mais eficiente será esse processo: o investidor terá tempo para diversificar os seus investimentos e adotar estratégias de maior risco que possam entregar retornos maiores no longo prazo.

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Fonte: E-investidor