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- A atual conjuntura econômica reforça a importância de construir e reforçar uma reserva em dólar
- Investimentos em renda fixa americana e brasileira não são excludentes
- Títulos de 10 anos subiram de 4,2% para 4,5% nos EUA
Com o dólar acumulando uma alta de 27,9% no ano e taxa Selic elevada, muitos investidores se perguntam se ainda vale a pena pensar em renda fixa americana. Para os especialistas, o câmbio não deve ser um fator a ser considerado, pois a atual conjuntura econômica reforça a importância de se ter reservas em dólar. Investir através da moeda americana combina diversificação cambial a taxas de juros acima da média histórica nos Estados Unidos e proteção contra incertezas fiscais no Brasil.
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José Maria, coordenador de estratégia da Avenue, argumenta que investimentos em renda fixa americana e brasileira não são excludentes e, por isso, o investidor deve buscar a diversificação entre ativos locais e internacionais. “Uma questão não depende da outra”, diz ele. “Da mesma maneira que alguém pode ter investimento em renda variável e fixa, a renda fixa deve estar diversificada entre nacional, internacional, com dívida corporativa e soberana”, avalia.
O especialista pondera que é importante ser criterioso ao investir em dívida corporativa americana, com o investidor priorizando empresas sólidas que não enfrentem dificuldades de refinanciamento em um cenário de juros em alta.
Juros elevados também nos EUA
As recentes indicações do Federal Reserve (Fed), o Banco Central americano, criaram a expectativa de cortes menores nos juros em 2025, elevando as taxas de juros de médio e longo prazo nos EUA, com títulos de 10 anos subindo de 4,2% para 4,5%. Esta seria uma boa oportunidade para o investidor de renda fixa, observa. “O cenário atual de juros altos nos EUA oferece um bom ‘carrego’ (retorno até o vencimento), especialmente em comparação com o final do ano passado, quando se esperavam juros mais baixos”, argumenta.
O que preocupa o Fed é o novo governo de Donald Trump, que poderá puxar o ritmo da inflação norte-americana, com políticas tarifárias mais agressivas. Isso trará impacto global e exigirá uma análise detalhada para investidores brasileiros, alerta o consultor de investimentos Rafael Panonko. Com os juros americanos ainda em patamares elevados, a tendência é de que o dólar siga forte.
“O dólar se valorizou em mais de 20% frente ao real ao longo do ano, o que gerou ganhos significativos para os investidores da moeda norte-americana”, comenta Panonko. “A expectativa é de que essa trajetória de valorização do dólar continue em 2025”, diz, destacando, ainda, a deterioração da situação fiscal brasileira e seus reflexos na moeda brasileira. O governo federal vem passando por uma crise de credibilidade em relação a sua responsabilidade fiscal, diante de um aumento dos gastos em relação ao PIB.
Panoko reforça que títulos americanos de 10 anos continuam sendo uma opção vantajosa para investidores de longo prazo. Mesmo com o ciclo de queda no curto prazo, as taxas atuais ainda são superiores às médias históricas. “Isso torna a renda fixa americana uma alternativa interessante para quem busca estabilidade e rentabilidade no longo prazo.”
Retorno com proteção contra o real
Mas por que investir em renda fixa americana com os os títulos brasileiros também pagando prêmios recordes? Ana Paula Zogbi, gerente de Research e head de conteúdo da Nomad, argumenta que a valorização do dólar favorece investimentos em fundos cambiais e ativos dolarizados. Investir diretamente em ativos no exterior oferece ganhos potenciais maiores, incluindo a valorização cambial e o retorno do ativo financeiro (como “dólar mais taxa” no caso de renda fixa).
Além de buscar bons retornos, a lógica de investir em dólar é dar proteção adicional frente a flutuações do real.
A especialista alerta, no entanto, que a exposição a uma moeda forte deve ser estrutural em qualquer carteira de investimentos, e não uma posição a ser montada e desmontada de acordo com a taxa de câmbio. “Caso o investidor não tenha ainda, é essencial montar essa posição o quanto antes, formando um preço médio para o dólar, aplicando recorrentemente até que a carteira tenha uma fatia relevante aplicada fora do país”, diz. Segundo ela, quem deixa de investir aguardando um dólar mais barato, acabar perdendo a valorização do ativo.
Este é um conceito compartilhado com José Maria da Avenue. Ele lembra que no final de 2023, com o dólar próximo de R$ 5, muitos analistas e investidores previam quedas para R$ 4 ou até R$ 3,50, descartando investimentos em dólar. “No entanto, quem investiu em ativos nos EUA já obteve mais de 20% de retorno só com o câmbio, superando qualquer classe de ativos no Brasil.”
Independente do rumo do dólar, Mayara Rodrigues, analista de renda fixa no Research da XP, reforça que a dolarização do patrimônio deve ser pensada como estratégia de proteção e diversificação. Na sua visão é fundamental manter sempre um percentual de investimentos dolarizado com o percentual dependendo do perfil de cada investidor. “Um bom lugar que a gente considera para começar é estimar quanto dos seus custos, das suas despesas são dolarizados”, diz. Para ela, a dolarização da carteira deve ter como base uma estratégia e não especulação sobre a melhor janela de compra.
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Fonte: E-investidor