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Bill Gates doará US$ 200 bilhões; Trump pode atrapalhar – 12/05/2025 – Mercado


Há vinte e cinco anos, Bill Gates, na época o homem mais rico do mundo, anunciou que começaria a doar sua fortuna para salvar vidas e reduzir a pobreza no exterior e em seu país. Desde então, a Fundação Bill & Melinda Gates, que o cofundador da Microsoft estabeleceu com sua então esposa, Melinda French Gates, já doou mais de US$ 100 bilhões (R$ 565 bilhões) para saúde global, desenvolvimento e educação.

Agora Gates, que completa 70 anos este ano, está redobrando seus esforços. Nos próximos 20 anos, a Fundação Gates, que mudou de nome no ano passado após o divórcio com Melinda em 2021, doará mais US$ 200 bilhões (R$ 1,13 bilhão). Em 31 de dezembro de 2045, quando Gates estiver com 90 anos, ela será encerrada definitivamente. Até lá, Gates se comprometeu a ter gasto 99% de sua fortuna, deixando para si mesmo dinheiro suficiente, como ele brincou certa vez, “para minha raquete de tênis”.

Em uma carta anunciando o que chamou de “o último capítulo da minha carreira”, Gates cita Andrew Carnegie, o magnata do aço e filantropo do século 19, dizendo: “O homem que morre assim rico morre em desgraça”. As pessoas podem dizer muitas coisas sobre ele, escreve Gates. “Mas estou determinado que ‘ele morreu rico’ não será uma delas.”

Gates recebeu quase tantas críticas quanto elogios ao longo de seu quarto de século de filantropia, com pessoas acusando-o de tudo, desde proteger sua riqueza por trás de um benefício fiscal e comprar influência até implantar chips em cérebros. Ele manteve sua posição. Argumenta que, ao gastar seu dinheiro com mais urgência, pode agora ajudar a resolver definitivamente alguns dos maiores problemas de saúde do mundo.

Entre seus muitos objetivos ambiciosos para as próximas duas décadas estão erradicar a pólio (e talvez a malária e o sarampo), encontrar uma cura para o HIV e reduzir pela metade a mortalidade infantil em relação aos níveis que já diminuíram pela metade desde 2000 —em parte graças a programas que ele impulsiona ou financia.

A nova estratégia é melhor, argumenta ele, do que distribuir dinheiro aos poucos e priorizar a longevidade da fundação em detrimento dos problemas que está tentando resolver. “Isso nos dá clareza”, afirma em entrevista ao Financial Times. “Teremos muito mais dinheiro porque estamos gastando ao longo dos 20 anos, em vez de nos esforçarmos para sermos uma fundação perpétua.”

Gates acredita que o gasto acelerado pode “colocar o mundo no caminho para acabar com as mortes evitáveis de mães e bebês”. Um progresso mais rápido é possível, afirma, em parte devido aos avanços na IA.

Mas a intenção de Gates de impulsionar sua iniciativa de saúde global pode ser prejudicada pela realidade política atual, com os EUA e outros governos ocidentais reduzindo drasticamente a ajuda externa. Isso corre o risco de reverter enormes avanços na saúde global que nenhuma filantropia privada, nem mesmo uma do tamanho da Fundação Gates, consegue alcançar sozinha.

O ataque aos gastos com ajuda tem sido particularmente agressivo nos EUA, onde Elon Musk se vangloriou em fevereiro de estar colocando a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID) “no triturador de madeira”.

Se Gates passou os últimos 25 anos defendendo o trabalho no tratamento da AIDS ou vacinações infantis, Musk surgiu como uma espécie de anti-Gates, classificando essas causas como “globalistas” e de alguma forma anti-americanas. Musk, que ultrapassou Gates como o homem mais rico do mundo, prefere buscar soluções para os problemas da humanidade por meio de produtos comerciais, como os carros elétricos da Tesla, e no espaço em vez de na Terra.

A Fundação Gates, que gastou quase US$ 9 bilhões (R$ 51 bilhões) no ano passado, é a maior organização filantrópica dos EUA por uma distância considerável. Mas seus gastos não se aproximam do antigo orçamento de US$ 44 bilhões (R$ 249 bilhões) da USAID, do qual pelo menos quatro quintos enfrentam cortes. Outros governos, incluindo o Reino Unido, França e Holanda, também estão implementando cortes drásticos na ajuda externa, deixando Gates nadando contra a correnteza.

Sem o financiamento dos EUA, Gates afirma que seu sonho de erradicar a pólio —agora tentadoramente próximo— fracassará.

Gates ressalta que inovações em áreas como tuberculose, malária e diarreia infantil fatal só podem alcançar as pessoas que precisam delas com a ajuda dos governos, particularmente os EUA, que historicamente forneceram sozinhos mais de 40% do financiamento internacional para a saúde global.

“Obviamente, nada disso é algo que fazemos sozinhos ou poderíamos fazer sozinhos”, diz Mark Suzman, diretor-executivo da Fundação Gates. “Não somos os principais fornecedores de serviços. A prestação de serviços, em última análise, precisa vir dos governos e do multilateralismo.”

Gates acredita que o gasto acelerado pode “colocar o mundo no caminho para acabar com as mortes evitáveis de mães e bebês”. Um progresso mais rápido é possível, afirma, em parte devido aos avanços na IA.

Mas a intenção de Gates de impulsionar sua iniciativa de saúde global pode ser prejudicada pela realidade política atual, com os EUA e outros governos ocidentais reduzindo drasticamente a ajuda externa. Isso corre o risco de reverter enormes avanços na saúde global que nenhuma filantropia privada, nem mesmo uma do tamanho da Fundação Gates, consegue alcançar sozinha.

O ataque aos gastos com ajuda tem sido particularmente agressivo nos EUA, onde Elon Musk se vangloriou em fevereiro de estar colocando a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID) “no triturador de madeira”.



Fonte: Folha de S. Paulo