De acordo com o “Raio-X do Investidor”, estudo anual feito pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (ANBIMA), 2 em cada 10 pessoas (22%) consideram as apostas em bets uma forma de investimento.
Os números geraram um alerta para profissionais de educação financeira e saúde, afinal, há um entendimento equivocado das apostas como forma de aplicação do dinheiro e retorno de lucro. Com início de suas operações em 2018 no Brasil, o mercado de apostas cresceu exponencialmente nos últimos anos. Atualmente, há 300 empresas do ramo, mas esse número deve ser radicalmente reduzido após a regulamentação da Lei 14.790/23, chamada também de “Lei das bets”, que prevê multas de até 2 bilhões para empresas de jogos online de apostas que atuarem sem autorização.
Visão do especialista: apostar não é investir
Para Fernando Machado Bueno, especialista em Educação Financeira na Ágora Investimentos, corretora de valores do Banco Bradesco, colocar as apostas no mesmo orçamento dos investimentos é uma ação equivocada, fundamentalmente, porque não há estudos ou garantias de retornos na modalidade.
“Mesmo que alguns investimentos tenham riscos, como no caso de ações, a escolha do investidor será sempre pautada por um fundamento econômico. Ele investe em uma empresa sólida, real e lucrativa e se torna sócio da companhia, enquanto quem opta pelo mercado de apostas está entregue à sorte, se arriscando a lucrar ou perder o dinheiro”, destaca o especialista.
Veja aqui o passo a passo para começar o seu portfólio de ações
Bueno também complementa que a educação financeira tem um papel importante para evitar que as pessoas caiam na promessa de dinheiro rápido ao invés de criar o hábito de investir e construir seu patrimônio com constância.
“Investir deve ser um compromisso . Sempre que uma pessoa se dispor a poupar e destinar um percentual dos seus ganhos no mês para alguma linha de investimentos, ela estará mais sujeita a ter retornos consistentes no longo prazo, a depender do nível de risco assumido. No geral, ela terá boas chances de não reduzir seu capital inicial, ou mesmo ter alguma perda sobre o valor investido.”
Quando ligar o sinal de alerta
Uma das razões pelas quais as apostas estão se tornando uma preocupação entre os profissionais de saúde é o aumento dessa prática entre as famílias. A PWC, uma das consultorias do mundo, destacou no estudo “O Impacto das apostas esportivas no consumo” – publicado em agosto de 2024 -, que as apostas já representam uma parcela significativa dos gastos nas classes mais baixas, o equivalente a 76% das despesas desses grupos com lazer e cultura.
Segundo a psicóloga clínica Larissa Araújo, a promessa de ganhos rápidos pode ser uma armadilha mental neste tipo de prática, já que existe hoje uma busca frenética por emoções que, juntada ao desejo de ganho imediato propagado por essas empresas, traz uma combinação perigosa que pode resultar em um cenário de vício. “Do ponto de vista da saúde mental isso pode comprometer relacionamentos com familiares e amigos, além de causar prejuízos financeiros significativos”, destaca.
A terapeuta ainda acrescenta que nem sempre o jogador se vê inserido na dependência, de modo que familiares e amigos possam ajudar nesse reconhecimento. “A rede de apoio é fundamental. O indicado é sempre buscar ajuda de um profissional de saúde para entender com mais profundidade o que está ocasionando esse quadro de dependência”, conclui.
Por Vinicius Gonçalves, CEA
**
Este material é distribuído somente com o objetivo de prover informação e não configura oferta ou recomendação de produto. As informações contidas são confiáveis na data da sua publicação. Consulte os riscos das operações e a compatibilidade com seu perfil antes de investir, evitando operações inadequadas ou que estejam desenquadradas ao seu perfil no momento da adesão.
Fonte: E-investidor