O Mercado Livre reviu suas políticas internas e agora passará a ofertar frete grátis para quase todas as compras acima dos R$ 19. Considerado internamente um movimento “histórico”, o novo limite mínimo de preços para envios gratuitos terá início nesta sexta (6) e mira a entrada de clientes de baixa renda, principalmente moradores das regiões Norte e Nordeste.
Segundo a companhia, a expectativa com a mudança é ampliar o hall de produtos disponíveis na plataforma e intensificar o volume geral de vendas. Desde maio, os custos de envio para os vendedores já estão 40% menores, iniciativa que, em conjunto com a redução do frete para clientes, tende a forçar uma redução nos preços do site.
As exceções ficarão com as compras internacionais, cujo frete gratuito será aplicado em carrinhos acima dos R$ 79, e itens de supermercado, com valores a partir de R$ 199.
Para turbinar a novidade, o Mercado Livre vai lançar R$ 24 milhões em cupons, sendo que nesta sexta estarão disponíveis R$ 13 milhões ao público cadastrado na plataforma.
Para Fernando Yunes, vice-presidente sênior e líder do Mercado Livre no país, a campanha servirá como uma “black Friday do 1° semestre”. Como exemplo, o executivo explicou que serão ofertados mais cupons nesta sexta do que em uma black friday regular.
A companhia não fornece dados e valores, mas afirma ter realizado altos investimentos na campanha. Nas inserções de rádio e TV as peças apresentarão Neymar e o ex-jogador Ronaldo como garotos-propaganda. Eles também estarão estampados em todos os outdoors e anúncios pelas principais cidades do país.
“É uma decisão para manter o Mercado Livre crescendo a uma taxa superatrativa, trazer mais compradores para o mercado online e, consequentemente, para o Mercado Livre. Queremos que o ecommerce brasileiro siga crescendo de forma democrática. Ao zerar o frete, estamos estimulando mais compradores e maior frequência na plataforma”, disse Yunes em coletiva com jornalistas.
O executivo descarta que a movimentação tenha o objetivo de equiparar o Mercado Livre a concorrentes como Shopee e Temu, duas plataformas asiáticas que se destacam no mercado por preços baixíssimos e boas condições aos vendedores.
Segundo a companhia, as categorias que mais devem se beneficiar com os novos preços serão decoração, utensílios e moda e beleza —justamente os itens que mais levaram clientes aos players asiáticos.
“Conheço pessoas de classe alta que não encerram as compras por conta do frete. E para pessoas de classe mais baixa o frete alto vira um pênalti maior. [Com a redução do valor mínimo] ficamos mais atrativos para a classe C e mais baixas, e deixamos de causar fricção nas classes mais altas”, explicou Yunes.
O executivo também revela que o objetivo principal é alcançar um público que hoje sofre com o frete alto, como os moradores de cidades mais ao Norte e Nordeste. Enquanto os moradores do sudeste contam com valores de frete mais acessíveis e com a possibilidade de entrega em menor tempo, na faixa de cima do país a condição é oposta, justamente por estar mais distante dos grandes centros de distribuição.
Folha Mercado
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Outra expectativa criada com a redução de frete é atrair mais clientes para marcas adicionais do ecossistema Mercado Livre, principalmente o Mercado Pago, fintech do grupo que se projeta como um dos grandes meios digitais de pagamentos e gestão de recursos no Brasil.
A aposta parece simples: a companhia amplia parte do subsídio repassado ao frete, ou seja, perde um pouco da margem de lucro, mas aposta na conversão de clientes para outras frentes que podem garantir maior rentabilidade. Além disso, estimula o crescimento de anúncios na plataforma de vendas e redução de preços ao cliente final.
O frete grátis foi adotado pelo Mercado Livre em 2017, válido para compras a partir de R$ 120. A política foi revista em 2020, com redução para R$ 99, e em 2021, para os R$ 79 que eram cobrados até esta quinta (5).
Fonte: Folha de S. Paulo