Nos últimos 40 anos, o Estado de São Paulo testemunhou uma redução de 28,5% no número de nascimentos, passando de 700 mil para pouco menos de 500 mil em 2024. Essa tendência, que se acentuou a partir de 2018 e foi intensificada pela pandemia de Covid-19, representa uma queda de 22,3% no período mais recente e de 32,7% desde o ano 2000, conforme dados dos Cartórios de Registro Civil compilados pela Fundação Seade.
A mudança também ocorreu no perfil materno, com uma alteração na idade das mães paulistas. Em 2000, 73% das mães tinham até 29 anos, mas esse percentual caiu para 55% em 2024. Por outro lado, a participação de mães com idades entre 35 e 39 anos aumentou de 7,6% para 16,3% no mesmo período, o que indica que as mulheres estão deixando o plano da maternidade cada vez mais para frente.
Implicações econômicas
A diminuição dos nascimentos tem implicações diretas na economia. Uma vez que o envelhecimento da população e a redução de nascimentos implicam em uma redução na força de trabalho ou até mesmo na escassez de mão de obra em setores específicos. Isso deve pressionar os salários para cima. Além disso, exigirá o aumento de investimentos na automação para compensar a falta de trabalhadores jovens, segundo a Seade.

Outra pressão deve vir da Previdência, uma vez que a relação entre as pessoas economicamente dependentes (idosos) em relação à população em idade ativa deve se desbalancear ainda mais. No Brasil, essa razão passou de 47,1% em 2010 para uma projeção de 67,2% em 2060, indicando uma crescente pressão sobre os sistemas previdenciário e de saúde.
Desafios para políticas públicas
A redução de nascimentos e o envelhecimento populacional exigem uma reavaliação das políticas públicas. Os especialistas dizem que será necessário investir em infraestrutura de saúde voltada para a terceira idade, adaptando o mercado de trabalho para acomodar trabalhadores mais velhos e revisar o sistema previdenciário para garantir sua sustentabilidade.
A queda na natalidade em São Paulo é um apenas um sinal do fenômeno demográfico que ocorre no mundo inteiro, afetando diretamente a economia e exigindo novas políticas sociais.
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A expectativa de vida global aumentou em sete anos em média desde 1997, chegando a 73 anos em 2023 e podendo saltar para 77 anos em 2050, de acordo com as Nações Unidas. Esse aumento da longevidade pressiona como nunca os sistemas previdenciários.
Em economias emergentes, as taxas de fecundidade caíram ainda mais drasticamente de 1960 a 2023. Por exemplo, uma mulher tinha uma média de 6,1 bebês no Brasil em 1960, enquanto hoje ela tem 1,6 filhos.
Dessa forma, sem reformas significativas, os sistemas previdenciários podem se tornar insustentáveis. Hoje, o Brasil tem 6,5 trabalhadores por aposentado, número que já foi de 13,1 em 1997. Em 2050, esse número cairá para apenas 2,8 trabalhadores por aposentado.
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Sem o trabalhador jovem para financiar o idoso inativo, será preciso encontrar novas formas de refinanciar os sistemas previdenciário, na avaliação do professor de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV), Renan Pieri. “Além disso, o estado precisará destinar mais recursos para a saúde, porque as pessoas que vivem mais precisam de cuidados. Mas acima de tudo, com menos jovens, será preciso investir mais e melhor em educação para que, com melhor formação, estes jovens sejam mais produtivos”, afirma o professor.
Fonte: Infomoney