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Zuckerberg foge de perguntas sobre compra de redes sociais – 15/04/2025 – Mercado


Durante o segundo dia de um julgamento antitruste histórico nesta terça-feira (15), Mark Zuckerberg, CEO da Meta, disse que comprou o Instagram e o WhatsApp porque era difícil criar novos aplicativos e evitou perguntas sobre se ele estava tentando eliminar ameaças competitivas à sua empresa.

“Criar um novo aplicativo é difícil”, disse ele quando questionado sobre sua intenção de comprar o Instagram em um email de 2012 apresentado no julgamente. “Provavelmente já tentamos criar dezenas de aplicativos ao longo da história da empresa, e a maioria deles não deu em nada.”

“Poderíamos ter criado um aplicativo”, afirmou. “Se deu certo ou não é uma questão de especulação.”

O depoimento de Zuckerberg é fundamental para o julgamento antitruste. O CEO passou várias horas na segunda-feira (14) respondendo a perguntas de advogados que tentavam argumentar que Zuckerberg via os outros aplicativos como rivais que ele precisava derrotar. Durante o interrogatório, que por vezes se tornou controverso, Zuckerberg disse com frequência que não se lembrava de sua linha de pensamento em determinados emails.

O caso representa uma ameaça substancial aos negócios de Zuckerberg, que ele cofundou com o nome Facebook em seu dormitório na Universidade Harvard em 2004. A FTC (sigla em inglês para Comissão Federal de Comércio) está pedindo ao juiz James Boasberg, que preside o caso, que considere a empresa culpada de usar uma estratégia de “comprar ou enterrar” para eliminar a concorrência por meio da aquisição de rivais emergentes como Instagram e WhatsApp. A Meta comprou o Instagram em 2012 por US$ 1 bilhão (R$ 5,87 bilhões) e o WhatsApp em 2014 por US$ 19 bilhões (R$ 111 bilhões).

Caso seja bem-sucedido, o governo provavelmente pedirá ao juiz para desmembrar a Meta por meio da venda dos dois aplicativos.

Em seu depoimento nesta terça, Zuckerberg defendeu a aquisição do Instagram pela Meta, descrevendo a transação como algo normal para uma empresa de tecnologia. Ele disse que era comum as empresas avaliarem os benefícios e custos de desenvolver novos produtos internamente em vez de comprar startups com produtos que desejassem ter em seu portfólio.

“Estávamos fazendo uma análise de criar versus comprar”, disse Zuckerberg, referindo-se ao Instagram, que competia com o Facebook. “Achei que o Instagram era melhor nisso [postagem de fotos], então achei que era melhor comprá-los.”

O processo contra a Meta faz parte de uma iniciativa mais ampla dos reguladores dos EUA para controlar o poder das maiores empresas de tecnologia. A FTC também processou a Amazon, acusando-a de proteger um monopólio ao pressionar vendedores em seu vasto mercado e favorecer seus próprios serviços.

O Departamento de Justiça venceu uma ação judicial no ano passado acusando o Google de manter o monopólio nas buscas, e um processo está marcado para a próxima semana para determinar as soluções para as violações. O departamento também processou o Google por seu domínio em tecnologia de anúncios. A Apple também foi alvo de uma ação judicial movida pelo governo, que a acusou de dificultar a saída de usuários de iPhone e iPad de seu ecossistema.

Durante as declarações de abertura no julgamento da Meta na segunda-feira, a FTC disse que as compras do Instagram e do WhatsApp pela empresa consolidaram seu poder, privando os consumidores de outras opções de redes sociais e superando a concorrência.

Os advogados da Meta negaram as alegações nas declarações de abertura, argumentando que a empresa enfrenta forte concorrência do TikTok e de outras plataformas de mídia social. Tentar desfazer as fusões depois de aprovadas há uma década criaria um precedente perigoso, disseram os advogados.

Na terça-feira, advogados da FTC pressionaram Zuckerberg a explicar as comunicações internas que precederam as compras do Instagram e do WhatsApp. Suas anotações —algumas das quais datam de 15 anos atrás— detalhavam receios sobre como sua empresa de mídia social, então conhecida como Facebook, poderia competir em dispositivos móveis.

Daniel Matheson, principal litigante da FTC, destacou correspondências por email de 2012 entre Zuckerberg e seus principais executivos, nas quais eles trocavam ideias francas sobre o desempenho dos funcionários, aquisições potenciais e passadas e a ameaça de concorrentes emergentes.

Em um email de 2013, por exemplo, Zuckerberg disse aos executivos para proibir concorrentes estrangeiros, incluindo aplicativos de mensagens asiáticos populares como Kakao e WeChat, de anunciar no Facebook.

“Essas empresas estão tentando construir redes sociais e nos substituir”, escreveu ele. “A receita é irrelevante para nós em comparação com qualquer risco.”

A FTC também destacou um email de 2018 no qual Zuckerberg alertou os executivos de que as preocupações antitruste do governo poderiam ser problemáticas para a Meta.

“Estou começando a me perguntar se desmembrar o Instagram é a única estrutura capaz de atingir uma série de objetivos importantes”, escreveu Zuckerberg. “À medida que crescem os apelos para desmembrar as grandes empresas de tecnologia, há uma chance nada trivial de sermos forçados a desmembrar o Instagram e talvez o WhatsApp nos próximos cinco a dez anos, de qualquer forma.”

“Por outro lado, embora a maioria das empresas resista a separações, a história corporativa mostra que a maioria delas, na verdade, tem um desempenho melhor depois de serem divididas”, acrescentou Zuckerberg.



Fonte: Folha de S. Paulo