Recebi uma mensagem curiosa de um leitor outro dia: “Michael, qual é o melhor ativo para investir em 2025?” Minha resposta poderia ter sido simples, algo como “títulos de renda fixa ou CDBs referenciados ao CDI para os conservadores e índice Nasdaq para aqueles que desejam algum risco”. Neste momento em que o mercado está estressado, nosso sentimento de que não podemos errar e temos de mirar de forma certeira no ativo ótimo fica ainda mais forte.
Mas a verdade é que a pergunta revela um erro comum: estamos sempre buscando o investimento perfeito lá fora, enquanto o ativo mais poderoso está mais perto do que imaginamos. Vou explicar.
Imagine que você possui uma máquina de dinheiro. Ela produz uma quantia fixa todos os meses, mas tem potencial para fabricar muito mais. Em vez de gastar tempo e recursos tentando descobrir como investir o pouco que a máquina produz, não seria mais lógico concentrar seus esforços em aumentar a capacidade produtiva dela? Pois bem, essa máquina é você.
Vamos a um exemplo simples. Se você conseguir elevar sua renda mensal em R$ 2 mil e poupar esse valor por 30 anos, quanto você terá acumulado em valores de hoje, com um rendimento real (acima da inflação) de 6% ao ano? A resposta: impressionantes R$ 1,95 milhões. Isso mesmo, quase dois milhões a valores de hoje. Agora pense: quantos investimentos financeiros, disponíveis no mercado brasileiro ou global, são capazes de transformar R$ 2 mil mensais em quase R$ e milhões corrigidos pela inflação com o mesmo nível de segurança?
Por outro lado, suponha que você tenha R$ 100 mil hoje e queira alcançar o mesmo montante de R$ 1,95 milhões em 30 anos. Para isso, seria necessário um rendimento real, ou seja, acima do IPCA, de 10,4% ao ano. Vamos ser francos: nenhum ativo brasileiro apresentou esse retorno consistentemente nos últimos 20 anos. Nem mesmo o S&P500 combinado com a valorização do dólar superou 7% acima da inflação no mesmo período. Seria necessário um risco extremo e, ainda assim, o sucesso não seria garantido.
Agora, veja o contraste. Elevar sua renda em R$ 2 mil mensais não exige sorte, nem habilidades extraordinárias, apenas qualificação e esforço. Se investir na própria capacidade produtiva já parece vantajoso, imagine combinar isso com controle de despesas. Pequenos ajustes em seu estilo de vida podem liberar ainda mais recursos para poupança, criando um círculo virtuoso em seu planejamento financeiro.
Pense assim: se você já tivesse R$ 2 milhões em patrimônio hoje, o que faria para não perder esse dinheiro? A resposta provavelmente seria: tudo o que estiver ao meu alcance. Então por que não adotar essa mesma mentalidade para construir esse patrimônio antes de se aposentar e ter sua independência financeira?
Não se engane. O ativo com maior potencial é você. Enquanto outros investimentos podem ser incertos e sujeitos às flutuações do mercado, sua capacidade de aumentar sua renda é um dos poucos ativos que você controla diretamente. A pergunta não é onde investir, mas como investir melhor em si mesmo.
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Fonte: Folha de S. Paulo