O pix parcelado é uma opção disponibilizada por certas instituições bancárias que exige uma linha de crédito aprovada previamente pelo banco. Em conversa com o Banco Central do Brasil (BC), o órgão afirmou ao E-Investidor que a modalidade está na ‘agenda evolutiva do pix’, porém ainda não foi lançado oficialmente. No antento, nada impede que os bancos já ofereçam o recurso e a possibilidade de pagamento em parcelas aos seus clientes.
Leia também
O pix comum, criado pelo BC, permite transferências e pagamentos entre contas em segundos, funcionando 24 horas por dia, 7 dias por semana, incluindo feriados. “O pix parcelado é diferente do tradicional porque permite que o valor seja dividido em várias parcelas, enquanto o tradicional funciona como uma transferência à vista, sem juros”, afirma Thaísa Durso, educadora financeira da Rico.
João Victorino, educador financeiro, complementa que “de acordo com os limites disponibilizados nas plataformas, o consumidor escolhe o valor e o número de parcelas e, ao concluir a transação, o pagamento é feito de forma integral ao lojista”. Ou seja, o pix parcelado funciona como um empréstimo pessoal.
“No pix parcelado, o montante aparece como uma compra parcelada na fatura do cartão de crédito ou no extrato bancário. Os juros e o número de parcelas são definidos pelas instituições financeiras, e o débito pode ser gerado na mesma data da compra ou em uma data futura, conforme o acordo firmado”, explica Fernando Lamounier, também educador financeiro.
Qual a diferença entre o pix parcelado e o cartão de crédito?
“A principal diferença está no limite de crédito disponível. Embora o cartão também permita o parcelamento, ele depende do limite de crédito da fatura, ao contrário do pix parcelado, que não exige esse tipo de limite. Além disso, o cartão de crédito possui uma data fixa para o vencimento da fatura, enquanto o pix parcelado oferece maior flexibilidade, permitindo que o débito ocorra de forma imediata ou em uma data acordada entre as partes”, comenta Lamounier.
Durso ainda destaca que, geralmente, o pix parcelado possui taxas de juros mais elevadas em comparação a outras modalidades de pagamento, além de não oferecer vantagens como acúmulo de pontos, programas de fidelidade ou cashback (quando uma porcentagem do valor gasto em compras é devolvida ao consumidor), que são comuns em cartões de crédito.
Entretanto, a educadora também ressalta que “essa modalidade pode ser vantajosa para quem não possui cartão de crédito ou prefere evitar o uso dele”.
Quais as vantagens do Pix parcelado?
O pix parcelado pode ser uma opção vantajosa em situações emergenciais, especialmente quando é necessário realizar uma transferência imediata ou quando se realiza compras em estabelecimentos que não aceitam parcelamento via cartão de crédito.
Victorino acrescenta que o pix parcelado “pode ser uma alternativa mais barata que o cartão de crédito, principalmente se o consumidor conseguir descontos no pagamento via Pix”. Além disso, também é vantajoso para “aqueles que não possuem um limite de crédito alto ou disponível na modalidade crédito”, completa Lamounier.
Ao parcelar uma compra via pix, o consumidor não precisa utilizar o limite do cartão, o que pode ser uma alternativa interessante para quem deseja evitar comprometer sua linha de crédito. Além disso, a flexibilidade de pagamento é um grande atrativo, permitindo que o valor seja dividido em várias parcelas conforme a necessidade.
Quais cuidados o consumidor deve tomar?
“Apesar de ser uma opção interessante, o consumidor deve tomar cuidado com as taxas de juros, que começam em 2,09% ao mês. O pix parcelado deve ser usado apenas em casos extremos, quando realmente necessário, e nunca para gastos essenciais como compras de mercado”, afirma Victorino.
Durso recomenda que o consumidor calcule se as parcelas cabem no orçamento, para evitar decisões impulsivas. “Além disso, é importante conferir a legitimidade do aplicativo bancário”, aconselha.
Lamounier explica os três fatores principais a serem considerados ao utilizar o Pix parcelado:
Fatores a Considerar | Descrição |
---|---|
Avaliar a necessidade do parcelamento | O consumidor deve analisar se realmente precisa parcelar a compra ou transferência, considerando seu orçamento e capacidade de pagamento. Embora o parcelamento facilite, ele pode gerar dívidas a longo prazo, especialmente com juros elevados; |
Verificar as condições de parcelamento, taxas e juros | Antes de optar pelo pix parcelado, é essencial consultar o banco sobre o número de parcelas e comparar as condições oferecidas, como taxas de juros. O consumidor também deve verificar se existem taxas extras ou custos adicionais, como tarifas administrativas; |
Observar as datas de pagamento | É importante que o consumidor saiba as datas de débito das parcelas para planejar seus gastos e evitar surpresas no saldo bancário. Embora haja flexibilidade nas datas de pagamento, é crucial organizar-se para garantir que haverá saldo disponível para o pagamento. |
Lamounier explica que, como qualquer modalidade de parcelamento, o pix parcelado pode se tornar um prejuízo para o consumidor se não for usado com responsabilidade, podendo representar um risco maior, especialmente se o consumidor não tiver controle sobre seus gastos ou não entender bem as condições de parcelamento.
“Como qualquer crédito, é fundamental utilizar essa modalidade com planejamento financeiro e consciência para evitar o acúmulo de dívidas”, completou.
O risco de endividamento com o pix parcelado é semelhante ao do parcelamento via cartão de crédito, já que, em ambos os casos, o consumidor se compromete com uma dívida a ser paga em parcelas.
“No entanto, o saldo a ser pago pode variar dependendo das taxas de juros aplicadas”, acrescenta João Victorino. Ambos os métodos, dentro da educação financeira clássica, são considerados prejudiciais às finanças pessoais se não forem bem planejados, pois geram compromissos financeiros de longo prazo e podem resultar em dívidas que dificultam o equilíbrio do orçamento.
Para o especialista, o risco de endividamento pode ser maior com o pix parcelado, devido aos juros elevados. Além disso, a contratação rápida e prática dessa modalidade pode incentivar decisões impulsivas, sem que o consumidor analise adequadamente todas as implicações financeiras.
“Comparado ao parcelamento sem juros no cartão de crédito, por exemplo, o custo total do pix parcelado pode ser significativamente mais alto”, exemplifica Durso.
A educadora complementa: “O pix parcelado apresenta taxas de juros mais baixas que o crédito rotativo do cartão, mas, em geral, é menos competitivo que outras modalidades de crédito, como financiamentos com garantia. Atualmente, o crédito rotativo do cartão de crédito tem taxas médias altas, em torno de 438,4% ao ano (dados de setembro de 2024). Já o pix parcelado costuma ter taxas que começam em 2,09% ao mês, o que equivale a aproximadamente 28,4% ao ano, dependendo da instituição financeira”.
Ou seja, embora o pix parcelado seja uma alternativa mais econômica em comparação ao crédito rotativo, ele ainda pode ser mais caro do que outras opções de pagamento, como financiamentos específicos ou parcelamentos sem juros no cartão de crédito.
O Custo Efetivo Total (CET) é um indicador fundamental para avaliar qual modalidade de pagamento é a mais vantajosa, pois leva em consideração não apenas os juros, mas também todas as tarifas e encargos adicionais envolvidos na operação.
Durso defende ser crucial que o consumidor compare o CET de cada alternativa antes de tomar uma decisão. Esse cuidado ajuda a identificar qual opção oferece o melhor custo-benefício, garantindo que o parcelamento escolhido seja realmente a melhor solução para suas necessidades financeiras.
Com base na análise dos três especialistas, a equipe do E-Investidor elaborou uma tabela para auxiliar nas principais dúvidas dos consumidores acerca do pix parcelado:
Pontos a Avaliar | Descrição |
---|---|
Custo total (juros e taxas) | Verificar as taxas de juros e encargos totais do parcelamento; |
Impacto no orçamento mensal | Avaliar se as parcelas cabem no orçamento sem comprometer a capacidade de pagamento; |
Necessidade real de parcelar | Analisar se o parcelamento é realmente necessário ou se a compra pode ser feita à vista; |
Alternativas mais vantajosas | Comparar o Pix parcelado com outras opções de crédito, como cartão de crédito e financiamento; |
Valor financiado justificado | Checar se o valor do parcelamento justifica os custos envolvidos; |
Prazo de pagamento compatível | Garantir que o prazo do parcelamento seja adequado ao seu planejamento financeiro; |
Taxa de juros | Comparar a taxa de juros do Pix parcelado com outras opções de crédito; |
Capacidade de pagamento | Avaliar se o orçamento mensal permite arcar com as parcelas sem comprometer as finanças; |
Desconto via Pix | Verificar se há desconto para pagamento via Pix, tornando o parcelamento mais vantajoso; |
Planejamento financeiro | Fazer um planejamento detalhado para garantir que o parcelamento se encaixe no orçamento; |
Número de parcelas | Observar o número de parcelas e escolher um prazo adequado à sua capacidade financeira; |
Antecipação de parcelas | Avaliar se é possível antecipar parcelas para reduzir os custos com juros; |
Taxas extras | Checar se há custos adicionais, como taxas administrativas ou encargos extras; |
Flexibilidade nas datas de pagamento | Avaliar a flexibilidade nas datas de pagamento para garantir tempo suficiente para se organizar. |
Nossos editores indicam estes conteúdos para você investir cada vez melhor
Fonte: E-investidor